HISTÓRIA E FILOSOFIA

segunda-feira, 30 de abril de 2012

O ENIGMA DE KASPAR HAUSER




Hauser passou os primeiros anos de sua vida aprisionado numa cela, não tendo contacto verbal com nenhuma outra pessoa, facto esse que o impediu de adquirir uma língua. Porém, logo lhe foram ensinadas as primeiras palavras, e com o seu posterior contacto com a sociedade, ele pôde paulatinamente aprender a falar, da mesma maneira que uma criança o faz. Afinal, ele havia sido destituído somente de uma língua, que é um produto social da faculdade de linguagem, não da própria faculdade em si. A exclusão social de que foi vítima não o privou apenas da fala, mas de uma série de conceitos e raciocínios, o que fazia, por exemplo, que Hauser não conseguisse diferenciar sonhosde realidade durante o período em que passou aprisionado.
Hauser, supostamente com quinze anos de idade, foi deixado em uma praça pública de Nuremberg, em 26 de maio de 1828, com apenas uma carta endereçada a um capitão da cidade, explicando parte de sua história, um pequeno livro de orações, entre outros itens que indicavam que ele provavelmente pertencia a uma família da nobreza.
Entre as idiossincrasias originadas pelos seus anos de solidão, Hauser odiava comer carne e beber álcool, já que aparentemente havia sido alimentado basicamente por pão eágua. Aprendeu a falar, a ler e a se comportar, e a sua fama correu a Europa, tendo ficado conhecido à época, como o "filho da Europa". Obteve um desenvolvimento do lado direito do cérebro notoriamente maior que o do esquerdo, o que teoricamente lhe proporcionou avanços consideráveis no campo da música.
Hauser foi assassinado com uma facada no peito, em Dezembro de 1833, nos jardins do palácio deAnsbach. As circunstâncias e motivações ou autoria do crime jamais foram esclarecidas, apesar da recompensa de 10.000 Gulden (c. 180.000,00 Euros) oferecida pelo rei Luís I da Baviera.
A sua história foi representada no filme de Werner Herzog, "Jeder für sich und Gott gegen alle" (em língua portuguesa, "Cada um por si e Deus contra todos"), de 1974, lançado em português com o título "O Enigma de Kaspar Hauser".

quarta-feira, 25 de abril de 2012

A GERAÇÃO DA LUZ

 Às veses tenho quase convicção que aquilo de que a maioria procura nem sempre de fato corresponde ao verdadeiro, belo, interessante, etc. Como um bom apreciador de uma boa música, e principalmente quando esta tem letra que nos leva a fazer uma boa reflexão, compartilho com vocês a letra um tanto  quanto interessante, e também para dizer até mesmo , um tanto profética e com uma pitada de despedida como se fosse ditada por um forasteiro que, sabendo de sua partida, nos deixa algumas palavras com uma certa "recomendação". Estou falando da música Geração da Luz de Raul Seixas. É preciso, para quem ainda não a ouviu, ponderar sobre alguns pontos interessante que o artista nos chama a atenção por algumas colocações dos versos. Passemos a fazer uma reflexão primeiramente dessa primeira parte, vejamos:

Eu já ultrapassei a barreira do som
Fiz o que pude às vezes fora do tom
Mas a semente que eu ajudei a plantar já nasceu!!
Eis duas sentenças que deram resultados: a primeira, afirmando o impossível. A segunda, pode não ter saído do jeito esperado. Mas o resultado dessa sinergia produziu o seu objetivo: permanecer vivo no tempo.


Eu vou, eu vou m'embora apostando em vocês
Meu testamento deixou minha lucidez
Vocês vão ter um mundo bem melhor que o meu!! Essa é uma despedida clássica do próprio Raul em muitas de suas músicas. Evidentemente que ninguém precisa ser profeta para saber que um dia irá partir. Mas como ele próprio diz, parece que, ao contrário, sua lucidez deixa claro que teremos um mundo melhor que o dele. Certamente o próprio Raul sabia de sua real condição existencial.


Quando algum profeta vier lhe contar
Que o nosso sol tá prestes a se apagar
Mesmo que pareça que não há mais lugar
Vocês ainda têm, vocês ainda têm
A velocidade da luz pra alcançar. Aqui claramente Raul Seixas define sua visão do infinito: a infinitude que leva o homem a jamais chegar a um limite e que ele deve está sempre em constante evolução. Parece que o nosso próximo passo, não é chegar em um planeta vizinho. Mas alcançar essa "velocidade da luz" que quebrará muitas barreiras de nossa periferia no sistema solar.

Esta foi só a primeira parte da música Geração da Luz. Deixo para vocês fazerem a próxima reflexão da segunda parte da música. E digo que é bem interessante e que talvez abra oportunidade para fazer um estudo em outras de suas músicas que por sinal são bem interessantes onde ele mistura história, filosofia, religião, política, etc. 

terça-feira, 3 de abril de 2012

SEMANA SANTA - UM ROTEIRO MÍSTICO OU UMA TRADIÇÃO CULTURAL?


A Semana Santa dentro da cronologia histórica teve sua mais profunda força durante a Idade Média para afirma o cristianismo e negar o paganismo cultural de Roma. Hoje, o que mais parecia uma representação para justificar uma figura mítica de um Cristo crucificado tem hoje uma conotação quase sem sentido para muitos.

Existe realmente algo de místico nesse período? Ou é apenas uma tentativa de relembrar a paixão representada por um simples galileu que vivia, a princípio, no anonimato de uma província insignificante de Roma? Ou era apenas uma forma de manter uma estrutura política- religiosa antes dominante e hoje enfraquecida? Onde realmente podemos encontrar um sentido para tão grande místicismo para uns, ou uma simples lembrança para alguns e até mesmo profana para outros? Se fizermos uma ligação entre o que é sagrado e o profano, sempre teremos uma representação da realidade. Aliás, toda religião para ter sentido deve necessariamente recorrer aos símbolos e metáforas. O próprio Cristo formulou toda sua doutrina recorrendo ao símbolo material para representar o simbolizado espiritual, no dizer de Huberto Rohden (1893-1981). Com isso, todo o cristianismo em sua pureza estava permeado de símbolos e metáforas. Até mesmo deu lugar para as superstições, como é o caso da sexta-feira 13. Isto se deu pelo fato da noite de sexta-feira, o Cristo estava com os doze (12+1=13), então sucederam-se todos os fatos que o levou à todos os impropérios, como por exemplo, traição, fuga dos discípulos, negação, prisão e por fim a morte do Salvador.

A riqueza e beleza que há por trás de tão grande simbolismo deveria serem mais instigados pela Igreja. Vejamos a beleza que tem o hinduísmo, com  toda sua infinidade de deuses, eles são, nesse ponto, bem mais "zelosos" com seus símbolos e parábolas. 

Um fato bem curioso na simbologia dos evangelhos é o episódio do Cristo com Barrabás. Saiba que a palavra de origem aramaica Barrabás, significa literalmente filho do pai, Bar=filho e Abbas= pai. Então, podemos dizer que Pilatos ao perguntar quem o povo soltaria, se Jesus ou Barrabás, na verdade o povo não teria escolha, pois simbolicamente Barrabás também seria o filho do Pai e consequentemente o filho sempre seria crucificado