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"Nunca se é homem enquanto se não encontra alguma coisa pela qual se estaria disposto a morrer." Jean Paul Sartre (1905-1980) |
O homem possui uma natureza humana; essa natureza, que é conceito humano, pode ser encontrada em todos os homens, o que significa que cada homem é um exemplo particular de um conceito universal: o homem.
O existencialismo ateu... Afirma que, se Deus não existe, há pelo menos um ser no qual a existência precede a essência, um ser que existe antes de poder ser definido por qualquer conceito: este ser é o homem, ou, como diz Heidegger, a realidade humana. O que significa, aqui, dizer que a existência precede a essência? Significa que, em primeira instância, o homem existe, encontra a si mesmo, surge no mundo e só posteriormente se define.
O homem, tal como o existencialista o concebe, só não é passível de uma definição porque, de início, não é nada: só posteriormente será alguma coisa e será aquilo que ele fizer si mesmo. Assim, não existe natureza humana, já que não existe um Deus para concebê-la. O homem é tão somente, não apenas como ele se concebe, mas também como ele se quer; como ele se concebe após a existência, como ele se quer após esse impulso para a existência. O homem nada mais é do que aquilo que ele faz de si mesmo: é esse o primeiro princípio do existencialismo. É também a isso que chamamos de subjetividade: a subjetividade de que nos acusam. Porém, nada mais queremos dizer senão que a dignidade do homem é maior do que a da pedra ou mesmo a da mesa. Pois queremos dizer que o homem, antes de mais nada existe, ou seja, o homem é, antes de mais nada, aquilo que se projeta num futuro, e que tem consciência de estar se projetando no futuro. De início, o homem é um projeto que se vive a si mesmo subjetivamente ao invés de musgo, podridão ou couve-flor; nada existe antes desse projeto; não há nenhuma inteligibilidade no céu, e o homem será apenas o que ele projetou ser.
SARTRE, Jean-Paul. O existencialismo é um humanismo. Traduções de Rita Correa Guedes, Luiz Roberto Salinas Fortes, Bento Prado Júnior. São Paulo: Abril Cultural, 1984 (Os pensadores)
Comentário do blog:
"Quando muitos homens estão juntos, é preciso separá-los pelos ritos, senão matam-se uns aos outros." Jean-Paul Sartre |
Se admitirmos que há uma existência de um ser maior que o homem, ou seja, Deus, então temos que admitir "em essência" que o homem também existe. Isto seria contraditório, pois tendo o homem uma essência, potencialmente ele existiria antes de existir atualmente. Se somente Deus é eterno, também o homem o seria. E isto, para Sartre, seria um absurdo. Em suma, só passamos a existir quando de fato sabemos fazer nossas escolhas. E Sartre vai mais além, se escolho ser por exemplo, um bandido, então escolho toda humanidade junto para esse fim. Se escolho ser um pacificador, também escolho toda a humanidade. Em fim, somos aquilo que escolhemos e nada mais. Ao nascermos, não somos nada. Por isso a filosofia sartreana é considerada existencialista.
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