HISTÓRIA E FILOSOFIA

sábado, 18 de junho de 2011

MÚSICA DE PROTESTO

Titãs

Como a música pode passar de uma arte e transformar-se em arma de protesto? Em que as bandas de rock dos anos 80 tiravam suas ideias de protesto? Como grupos de rock como os Titãs, Paralamas do Sucesso, Ultraje, Barão Vermelho e outras fizeram nesse período e que deixaram seu legado para  gerações futuras entender que a música ainda é uma das melhores formas de expressão?  Sabemos através da história que o Brasil não é um país com uma democracia sólida e sem rupturas, pelo menos até o final dos anos 80. Desde 1964, o Brasil estava mergulhado numa ditadura durante 20 anos. Período que o povo passou esse tempo todo sem o direito a escolher seus representantes. Mas com a retomada do regime democrático em 1984, um fenômeno surgiu nesse período para protestar contra a situação social do país. Nesse período, a banda Titãs saíram em frente com suas músicas de protesto e mais agressiva em suas letras, com influência punk e letras contundentes que não poupavam as principais instituições da sociedade brasileira ("Estado violência", "Polícia", "Família" e "Igreja") sendo uma das mais conhecidas a música Polícia.


"A arte é de viver da fé, só não se sabe fé em que"

                                                                       Paralamas do Sucesso.
Os Paralamas do Sucesso também tem sua história nesse período de grandes mudanças no Brasil. Uma das músicas que mais identifica uma crítica social é Alagados. Alagados é o nome de uma favela de Salvador, Favela da Maré, do Rio de Janeiro, e Trenchtown, da Jamaica, onde viveram músicos famosos de reggae, como Bob Marley, Bunny Wailer e Peter Tosh, que formavam inicialmente a banda The Wailers. O próprio Bob, cita a terra natal na sua mais famosa música, No Woman no Cry (“I remember when we used to sit / In the government yard in Trenchtown“). 

1989 foi o ano da queda do muro de Berlim, que antecederia o fim da União Soviética e do comunismo; da morte de três mil manifestantes na Praça Celestial da Paz, em Pequim; do Prêmio Nobel da Paz concedido ao Dalai Lama; e da posse na presidência dos Estados Unidos do primeiro George Bush. Mas nenhum outro fato foi mais relevante para os brasileiros do que a primeira eleição pelo voto direto do presidente da República. A anterior ocorrera em 1960 quando foi eleito Jânio Quadros. Ele governou menos de sete meses. Renunciou para tentar voltar como ditador nos braços do povo. Deu errado.

"A gente não sabemos escolher presidente. A gente não sabemos tomar conta da gente. A gente não sabemos nem escovar os dente, tem gringo pensando que nós é indigente..."

                                                                    Parte da letra da música Inútil da banda Ultraje a Rigor.                                                                       

A eleição de 1989 foi disputada por 22 candidatos - entre eles, Fernando Collor, Lula, Leonel Brizola, Mário Covas, Paulo Maluf, Ulysses Guimarães, Aureliano Chavez, Guilherme Afif Domingos, Roberto Freire, Enéas e Fernando Gabeira. Lula e Collor se enfrentaram no segundo turno. Collor venceu. 

Deu errado. Afastado da presidência em 2 de outubro, foi julgado pelo Senado em 29 de dezembro de 1992. Como último recurso para preservar os direitos políticos, Collor renunciou ao mandato antes do início do julgamento, mas a sessão teve continuidade. O julgamento foi polêmico e alguns juristas consideraram que o julgamento, após a renúncia, não deveria ter acontecido. Novamente as bandas de rock comporiam músicas que falava da realidade política do momento uma delas era Ultraje a Rigor. Uma banda de rock, criada no início dos anos 80 em São Paulo. Idealizada por Roger Rocha Moreira (voz e guitarra base), obteve sucesso em 1983 no Brasil devido aos hits "Inútil" e "Mim Quer Tocar". Em 1985 a banda ficou nacionalmente conhecida pelo álbum Nós Vamos Invadir Sua Praia que trouxe o primeiro disco de ouro e platina para o rock nacional. O mesmo álbum, mais tarde, acabou sendo consagrado como o "melhor álbum de rock nacional" pela Revista MTV, em dezembro de 2008.
 "Indecente é você ter que ficar despido de cultura."
                                                                    Roger Moreira

COM A PALAVRA: O BARÃO VERMELHO

Em 1982, o som do Barão Vermelho, lançado nas lojas dia 27 de setembro, se espalhou um pouco e agradou muito o produtor Ezequiel Neves (José Ezequiel Moreira Neves, jornalista) e o diretor da Som Livre, Guto Graça Mello. Juntos, eles lançaram a banda e, com uma produção baratíssima,em quatro dias, foi gravado o primeiro álbum do Barão, que recebeu o nome da banda. Das músicas mais importantes, destacam-se "Bilhetinho Azul", "Ponto Fraco" e "Down Em Mim". E o nome da banda não foi por acaso, após assistirem um show da banda Queen no Morumbi, em São Paulo, surgiu o desejo em Guto Goffi (Flávio Augusto Goffi Marquesini), bateria, e Maurício Barros (Maurício Carvalho de Barros), teclado, de 19 e 17 anos de idade, em formar uma banda de rock. Em outubro de1981, os dois estudantes do Colégio da Imaculada Conceição, no Rio de Janeiro, chegaram a um nome para o sonho: Guto sugeriu e Maurício concordou que o aviador alemão Manfred von Richthofen, principal inimigo dos Aliados na Primeira Guerra, batizasse o grupo com seu codinome: Barão Vermelho.

Hoje não existe mais esses tipos de músicas. O que vemos e ouvimos são apenas bandas cantando músicas sem um caráter típico de uma mensagem de denúncia ou provocação. Os artistas do passado eram ousados e inovadores, mas será que se orgulhariam se vissem esse rock "colorido" e ultra-emotivo? Calças coloridas e apertadas, franjas exageradas, músicas sem nenhum conteúdo político e alguma mensagem social são as marcas dessas bandas. Enquanto isso, o Renato Russo deixa a pergunta aberta:
"Que país é esse?"

                                                              Renato Russo


GERAÇÃO COCA-COLA

Quando nascemos fomos programados
Pra comer o que vocês nos empurraram
com os enlatados dos USA
das nove às seis
desde pequenos nós comemos lixo
comercial e industrial
mas agora chegou a nossa vez
vamos cuspir de volta todo o lixo
em cima de vocês!

Somos filhos da revolução
Somos burgueses sem religião
Somos o futuro da nação
Geração Coca-Cola

Depois de vinte anos na escola
Não é difícil aprender
Todas as manhas do seu jogo sujo
Não é assim, que deve ser?
Vamos fazer nosso dever de casa
Aí então, vocês vão ver!
Suas crianças derrubando reis
Fazer comédia no cinema
Com as suas leis!