HISTÓRIA E FILOSOFIA

terça-feira, 21 de janeiro de 2014

RELIGIÕES OU SEITAS?

"A religião é aquilo que impede os pobres de matarem os ricos"
Napoleão Bonaparte

Há muitas pessoas que se perguntam qual é o motivo de termos tantas religiões surgindo a cada momento. Diante dessa indagação posso responder da seguinte maneira: primeiro temos que definir o que entendemos hoje por religião. Chamar determinado ajuntamento de pessoas de religião, deixa o termo com pobreza de argumentos e acaba perdendo seu real sentido. Então para responder melhor é preciso definir em poucas palavras o termo religião, e só depois, saber se de fato existe essa proliferação de religiões como dizem o povo. O segundo ponto a ser esclarecido, é saber se esse fenômeno, aparentemente real, é apenas entendido por uma opinião formulada dentro de uma perspectiva individual e que tem seu ponto de vista limitado ao seu círculo social. Consequentemente ignorando o mundo como um todo. Daí por diante podemos tirar nossas conclusões sobre dois pontos: primeiro se está restrito apenas ao nosso círculo social. Segundo se isto acontece em todas as sociedades no mundo inteiro.

Para entender melhor tudo isso, é necessário começar pelas definições, e para isso, é fundamental deixar claro a diferença entre religião e seita. Não podemos jamais misturar os termos. Já que um pode representar determinado credo religiosos e o outro uma instituição religiosa. Existem várias definições do termo. Segundo o dicionário Michaelis, religião significa serviço ou culto a Deus, ou a uma divindade qualquer, expresso por meio de ritos, prece e observância do que se considera mandamento divino. No mesmo dicionário, seita é definida como grupo dentro de uma comunhão religiosa principal, cujos aderentes seguem certos ensinamentos ou práticas especiais.

Religião está ligada a costumes e crenças. Elas não surgem de uma decisão individual nem de uma deliberação coletiva mas de uma tendência natural de comportamentos em uma determinada sociedade que sacraliza elementos da natureza ou do universo para dar sentido a presença do homem nesta vida. As religiões se compõem tradicionalmente de fatos históricos que por sua vez comprovam sua veracidade através de sua trajetória desde os tempos mais remotos aos dias de hoje. Uma religião não pode ser confundida com uma instituição. Aquela com determinado endereço fixo constituídas de normas positivas e doutrinas alheias, isto não podemos considerar como religião. A religião está além da norma. Ela é natural em seu estado inicial e posteriormente com o tempo, torna-se positiva. Os povos da Babilônia passaram séculos adorando seus deuses sem se importarem com normas e sistemas catalogados. Os hebreus só tiveram sua religião definida após séculos de formação literária. Abraão, o principal patriarca do judaísmo, não fundou de fato esta religião. O monoteísmo judaico só foi consolidado como tal, após Moisés registrar os feitos dos patriarcas e elaborar códigos de conduta moral. Só então é que esta religião semita se caracterizou como tal. Não por normas apenas, mas com o passar do tempo, a cultura; os costumes e principalmente as profecias como elemento de fé.

A religião com maior número de adeptos do Ocidente é o cristianismo. Sobre esse fator não podemos discutir e ponto final. Pelo menos em termos de quantidade de adeptos. Evidentemente que temos outras cujo objeto de crença se distancia dos dogmas e ritos cristãos. Há poucos representantes no Brasil das religiões orientais, tais como, budismo, judaísmo e outros ísmos menos relevantes. Sem dúvida o cristianismo e sua tradição foi a religião que acompanhou até o presente a história do Ocidente. Então o que surge constantemente na verdade não são religiões, e sim seitas que estão apenas repetindo e copiando a original. Já vimos anteriormente que religião é algo para além das normas. Que não há fronteira de onde começa nem de onde termina, mas que está aquém de uma organização institucional. O que temos aparecendo são seitas. São secções da religião original. Elas são como pedaços que se desprendem como pequenos blocos de gelo saindo de uma grande geleira. Elas carregam elementos da religião-mãe e inserem outros que não fazem parte da original e por fim acabam numa confusão de vozes como uma babilônia.

sábado, 18 de janeiro de 2014

O BRASILEIRO ESTÁ PREPARADO CULTURALMENTE PARA UM CRESCIMENTO ECONÔMICO?

"A desvantagem do capitalismo é a desigual distribuição das riquezas; a vantagem do socialismo é a igual distribuição das misérias"

Winston Churchill

Nunca o povo brasileiro comprou tanto, dizem os economistas. A classe considerada média está agora desfrutando de uma tímida participação no mercado de compras de bens e consumo, e de uma tecnologia importada. Desde os anos 90, o brasileiro cada vez mais está tendo acesso ao que lhe era considerado inviável diante do baixo poder de compra dos salários. Mas algumas perguntas podem ser feitas: e se esta participação triplicasse em um ano? Como o brasileiro se comportaria diante de tanta abundância? E mais, o nível de escolaridade acompanharia essa elevação de status econômico? 

O que podemos observar no dia-dia são casos de abusos e extravagâncias por parte de pessoas que quando tem em suas mãos determinados bens, em muitas das vezes eles abusas do que tem na ânsia de mostrar o que está usufruindo. Exemplo disso, são as chamadas "turmas dos postos de gasolina", uma espécie de balada ao ar livre. Isso é visto com muita frequência nas grandes cidades durante os finais de semana. São jovens que em sua maioria, adquire o carro dos pais e sai pelas ruas "forçando a barra" numa tentativa de demonstrar sua posição sócio-econômica. Nesses dias, os postos de gasolina viram uma espécie semi-clubes. Os carros com seus "paredões", transformam-se numa espécie de máquina de alienação com duplo efeito: um para atrofiar a mente e outro para inocular a criatividade. Também isso é uma nítida evidência de imaturidade perante o dinheiro, já que nunca tiveram esses "brinquedinhos". Outro poder de compra nos últimos tempos, é o acesso às tecnologias. Os celulares são trocados a cada três ou dois meses. Crianças com até seis anos já tem esses objetos que os pais lhes presenteiam. Pessoas com dois, três, quatro e até cinco celulares para atender suas necessidades. E não são apenas celulares, são objetos que vêm carregados de tecnologias com aplicativos que muitos não sabem nem para que serve.

A farra econômica não está epenas nas grandes cidades. O meio rural está ganhando uma nova configuração. Quem nunca teve no Nordeste do Brasil, só tem uma obscura imaginação como é o cenário social hoje em dia: carros de bois, vaqueiros a cavalo, manadas de bois, etc. Tudo isso ainda tem. Apenas outros elementos agora fazem parte do cenário antes bucólico e agora agitado. Um deles, objeto que se tornou parte do ser humano, são as motocicletas. No Nordeste encontra-se uma das maiores frotas desses veículos de duas rodas. Curiosamente até tem vaqueiro que desistiu do cavalo e agora aderiu ao novo meio de locomoção. A cena é mais ou menos assim: em plena caatinga, num sol escaldante, se vê num primeiro momento, uma manada de bois pastando, isso quando tem pasto. Logo em seguida, temos um vaqueiro em sua motocicleta com uma mão no guidão e a outra no celular. E se não tiver o sinal da operadora, logo se improvisa. Procura-se uma árvore mais alta, sobe até ao topo e logo o problema é resolvido. Documentos do veículo? Pra quê? Se o governo exige, é perseguição, dizem alguns. Se o bandido toma, onde está então o governo que não faz nada, dizem outros?

Podemos continuar a contar aqui e acolá o surgimento desses fenômenos tecnológicos sertão a dentro que são vários. Se os pensadores críticos da Indústria Cultural da Escola de Frankfurt como Theodor Adorno (1906-1969), por exemplo, estivesse presenciando hoje esses fenômenos, ele veria que suas teorias sobre o consumo em massa era tão certa que talvez precisaria dar nova ênfase no assunto. Como dizia Tácito, "Quando se dissipa o patrimônio com loucuras, procura-se restaurá-lo com culpas".

quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

A DISPERSIVIDADE HUMANA

"Na obra de Michelangelo na capela Cistina, A Criação de Adão, um trabalho que representa o homem ligado à terra, mas com uma íntima ligação com o Criador"

“Quem comigo não ajunta, espalha. (Lc 11:23)” São cinco palavras que juntas dão um sentido aparentemente banal, porém, de uma lógica inquestionável. Mas por que o Cristo em sua grande sabedoria disse palavras tão simples e com um sentido tão singelo? Quem não leu essa sentença nas entrelinhas dos Evangelhos jamais irá acreditar que tenha vindo de um homem que proferia grandes adágios. Mas o Messias tinha razão. Nós somos dispersivos. Não buscamos nunca uma unidade. Buscamos a separação de tudo. Até porque, segundo a ciência, para compreender o todo devemos estudar suas partes. Segundo a física, a força centrífuga mantém os objetos fora do centro. E é assim que o homem se comporta diante das coisas em que ele se relaciona.

Na parábola do filho pródigo, há um claro exemplo dessa dispersividade. O filho sai da casa paterna onde estava a sua unidade e sai para o mundo que são os fragmentos da vida. A primeira solicitação feita pelo filho ao pai: pede a seu pai a sua natureza (que muitos traduziram por herança). O pai nem se quer aconselha ao filho a não fazer o que estava fazendo; e entrega o que lhe é devido. Depois, começa uma epopeia para o retorno à sua casa de origem. Aí está  o reflexo de toda humanidade. Representada apenas numa das mais belas parábolas.

Por isso estamos no momento mais inquietante da vida terrena. Nosso retorno para a casa paterna, teologicamente falando, ou em busca de uma unidade, segundo outras perspectivas religiosas, é uma verdadeira via sacra. Estamos em algumas vezes, desejando nos alimentar de comida de porcos, como fez o protagonista da parábola. Estamos sempre desejando o que é sobra para tentar sobreviver como fazia o filho pródigo. Às vezes nos deparamos com mercenários. Não o próximo como o tal, mas percebendo que somos nós mesmos esse corruptores de nossas qualidades.

domingo, 12 de janeiro de 2014

ENQUANTO ISSO, FREUD EXPLICA!

Foi precisamente por causa dos perigos com que a natureza nos ameaça que nos reunimos e criamos a civilização, a qual também, entre outras coisas, se destina a tornar possível nossa vida comunal, pois a principal missão, sua raison d'être [razão de ser] real, é nos defender contra a natureza. (FREUD, 2001, p. 26).


Não sei se os defensores da natureza concordam com Freud quando tenta justificar o sentido de nossa razão de ser,  fazendo crer que isto é uma constante guerra contra a natureza. No dito acima (foto), o homem da psicanálise, aborda uma questão um tanto quanto denunciadora das ações da própria natureza. Faz dela uma vilã implacável e o homem uma vítima indefesa. No cerne da questão, o homem não quer de fato preservar a natureza, pelo menos no sentido freudiano. Não há uma harmonia entre homem e natureza. Não está em jogo a preservação da natureza em si, e sim, um medo que o homem tem de perder para ela alguns elementos que o mantenha vivo e confortável, tais como, a conservação de si e a satisfação de seus apetites fisiológicos. 

Segundo Freud, só existe civilização por causa dos perigos que a natureza impôs ao homem. Com isso, a natureza proporcionou-lhe uma autonomia diante das adversidades que ele próprio conquistou. Agora é hora do homem se defender daquela que outrora foi o catalizador para a preparação do caminho na formação da civilização.

De fato, não há e nunca houve da parte dos homens, uma preservação pela preservação em si mesma para com a natureza. Um homem não tenta impedir que alguém derrube uma árvore, simplesmente pelo bem estar da natureza ou da árvore. Se  o homem demonstra um sentimento de piedade para com a natureza, implicitamente ele quer dizer, "cuidar da natureza é cuidar de mim".
"Vivemos numa época perigosa. O homem domina a natureza antes que tenha aprendido a dominar-se a si mesmo".

Albert Schweitzer (1875- 1965) 


Ainda segundo Freud, há um medo na própria humanidade que proporcione essa busca pela preservação. Em última instância, a preservação é pelo bem estar da humanidade, e não da própria natureza em si. E se destruirmos alguns elementos importante para nossa sobrevivência?  Como a água, por exemplo -  pergunta os conservadores de plantão. E se a desertificação tornar as florestas desoladas? A resposta é: isso também não são fenômenos naturais? Onde hoje é deserto, não era antes uma linda floresta? Onde agora há falta de água, não era tão abundante em outras épocas? Então como explicar toda desertificação do planeta Marte e seus rios que hoje, sabemos, são apenas meras gargantas e abismos? Evidentemente que isso foi obra da própria natureza. Mas o que é o homem então, se não é também parte integrante da natureza e co-autor de suas transformações?

A preocupação que muitos tem diante dos impactos na natureza, implica em muito mais numa preservação do homem pelo homem do que num cuidado com o que a natureza precisa. No fim das contas o homem é sempre o protagonista de todas as ações, e é ele que deve fazer as coisas  darem sentido no mundo.

sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

A QUEM POIS, HEI, DE COMPARAR ESTA GERAÇÃO?

"As crianças acham tudo em nada, os homens acham nada em tudo."
Giacomo Leopardi

Está escrito nos evangelhos, pequenas colocações de cunho moral que o principal protagonista, Jesus Cristo, segue proferindo em várias ocasiões de sua vida pública. Uma delas, uma comparação que o mestre faz retirado de dois grupos de crianças brincando, tenta nos dizer como o homem se comportam em seus diferentes estágios de vida. Alguns desses momentos, os homens demonstram uma profunda manifestação de fé, e em outras, uma estagnação evolutiva acompanhada de um ceticismo em relação à espiritualidade. Tanto no âmbito social, como também em sua espiritualidade, aparecem esses estereótipos da humanidade.

O Messias comparou aquele seu povo como crianças divididas entre si. Uns queriam brincar de enterro e instigavam os demais a fazerem lamentações. Os outros queriam brincar de festas e faziam algazarra (ver Mt. 11:16-17). Assim são os seres humanos segundo o Cristo: como um grupo de crianças divididas entre duas turmas que não se entendem. Mesmo quando adultos, parece ainda que há essa divisão.
"O amor é como a criança: deseja tudo o que vê."
Shakespeare


Em outra ocasião, o povo é denunciado pelas próprias opiniões em relação à sua pessoa. O Cristo olha o aspecto do homem adulto e vê que em sua maioria estão eles também divididos e diziam, "Aí está um comilão e beberrão, amigo de publicanos e pecadores" (Mt 11:19), referindo-se ao próprio Jesus.

Em todos os casos, quando faz tais observações, o Cristo nos demonstra que nas ações humanas, em alguns momentos somos infantis. Mas essa infantilidade é maliciosa. Não tem aquela ingenuidade de uma criança. Nossas ações, nas palavras do Messias, são sempre carregadas de preconceitos. A arrogância que leva o ser humano a tomar uma atitude, às vezes de desprezo pelo outro, faz com que sejamos mesquinhos. Na comparação feita por Jesus àqueles que estavam a sua volta, havia dois grupos de pessoas em um determinado nível de crescimento. Uns estavam saindo de sua infantilidade, os outros já adultos, formalizavam opiniões que eram frutos de suas escolhas. Os primeiros eram crianças querendo brincar de adultos. Os outros eram adultos que agiam como crianças.


Eis aí um bom reflexo de nossas atitudes. Quem nunca pensou que estando certo viu que estava errado e escondeu seu erro para não se sentir inferior ao outro? Simplicidade e prudência são qualidades que o Cristo nos recomenda. Nada mais. Ou como ele gostaria de dizer, "sejam simples como as aves e prudentes como as serpentes" (Mt 10:16). Não podemos correr o risco de sermos agressivos. Porém, não podemos ser passivos e tolerantes com as mais absurdas injúrias. Quando certa vez Ele adverte que "o humilhado será exaltado e o exaltado será humilhado" (Mt 23:12), não é que devamos aceitar tudo como uma ovelha indefesa a procura de seu pastor. Também nem sermos lobos devoradores a espreita dos indefesos.

terça-feira, 7 de janeiro de 2014

PARA TODO ESFORÇO HÁ UM FRUTO

"Não há absolutamente ninguém que faça um sacrifício sem esperar uma compensação. É tudo uma questão de mercado".
Cesare Pavese


Isso é para os que pensam que existe algo dado de graça. Não há liberdade sem preço. Ninguém pode conquistar algo sem esforço. Em outras palavras, não existe almoço de graça. As Sagradas Escrituras dizem, dai de graça o que de graça receber (Mt 10:8). Mesmo nesse jogo de uma dádiva para com a outra há uma reciprocidade que envolve uma troca de valores. Mas também o mesmo livro sagrado nos impõe uma outra sentença aparentemente paradoxal que diz dali não sairás antes de teres pago o último centavo (Mt 5:26). Por tanto, não sejamos tão ingênuo ao ponto de imaginar que podemos receber algo sem esforço. Aliás, o esforço para conseguir algo é que promove o valor àquilo que se conquistou.
"A grandeza exige sacrifícios".
Friedrich Schiller


O que se vê comumente, mais frequentemente entre a maioria dos protestante, é que podemos conseguir tudo o que desejamos. Principalmente no que se refere aos bens materiais sem um esforço ou sacrifício individual. Ter uma vida cheia de bens materiais, uma saúde vigorosa, até mesmo um bom status social e, principalmente, a salvação, são itens que fazem parte desse jogo de toma lá dá cá. Evidentemente que há muitas pessoas que têm uma maturidade de compreensão mais rebuscada do que outras. São mais adeptos de um Tomé realista, do que de um Judas idealista que apostou todas suas convicções na pessoa de Jesus Cristo e, como diz o livro sagrado, este adquirira um campo com o salário de seu crime (At 1:18). 

Mas também está escrito quero a misericórdia e não o sacrifício (Mt 12:7). Alguns dirão que por isso mesmo não vale a pena fazer sacrifício. Por esse motivo é que há um redentor que faz tudo, absolutamente tudo, inclusive salvar o homem de uma pseudo-condenação de sua alma. Enfim, saiamos mais do campo da conjectura idealizada e passemos mais para a realidade dos fatos. Sacrifício, sim. Presente dado, somente em fantasia. Lembre-se: quando algo é dado gratuitamente, certamente alguém paga o preço. E pode ser até você mesmo. Quando adquirir algo com um esforço físico, no sentido de dedicação e sacrifício do corpo;  e moral, no sentido de manutenção das opiniões; mental, no sentido de construção de ideias para uma vida melhor; e espiritual, em busca de um bem estar consigo mesmo em relação ao mundo, certamente o valor de qualquer bem adquirido será mais verdadeiro. Fiquemos então com o seguinte provérbio para todo esforço há fruto, muito palavrório só produz penúria (Pv 14:23).

sábado, 4 de janeiro de 2014

AGORA COMO SAIR DESSA GAROTINHO? "Antony Garotinho: Já adotei um nordestino, agora é hora de o Nordeste adotar o Garotinho".

"Fiquei muito triste quando ouvi o presidente dizer que era ateu e gostava de vodu e candomblé. Como é que o país pode ir para a frente?"      

 Antony Garotinho  

Pelo valor astronômico denunciado na matéria da Folha neste sábado (4) contra o casal Garotinho, e se de fato for comprovado e julgado, a pergunta que se segue é: serão presos os culpados? Teremos nesse ano o primeiro caso de políticos presos assim como houve em 2014? Tenho certeza que não. O jogo emaranhado que há por trás desses casos é um mar de gente que mais ajuda a ser desfeio do que inferir uma sentença de culpa. E ainda com uma novidade: existe artista envolvido, hein?

Aqui no Brasil esses casos se tornam mais manchete para entretenimento do que um caso sério. Ficam por alguns momentos na mídia e de vez em quando vêm à tona. As investigações já duram três anos conforme a matéria, é um absurdo! Mas convenhamos, nossa justiça inviabiliza essas decisões para depois cair no esquecimento e só retornar quando há falta de uma notícia, digamos "relevante".

sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

UMA DESORDEM PARA ORDENAR TUDO

"Deve-se temer a velhice, porque ela nunca vem só. Bengalas são provas de idade e não de prudência"

Em cada momento de nossa vida experimentamos uma situação nova. Mas não é a experiência em si que nos impulsiona para seguirmos adiante, e sim nossa reação diante do novo dado por cada experimento. O novo sempre estará presente. Na infância, na adolescência, na fase adulta e na velhice sempre aparecerá algo de extraordinário. Esse "extraordinário" é exatamente aquilo que expressa essencialmente o conceito, ou seja, aquilo que está fora da ordem. E não deveria ser mesmo assim? Já pensou se tudo estivesse em sua devida ordem, o que faria o homem para elaborar seus projetos? Há quem diga que somos nós que pomos tudo fora da ordem. Quem pensa assim olha apenas superficialmente aquilo que deveria enxergar profundamente. Tomam como exemplo a própria ordem que o homem colocou e que ele mesmo a destrói a seu bel prazer. Se há violência, é porque não há um ajuste. Se há fome, é porque alguém recolhe em demasia, se existe presos é porque é desordeiro. À luz das convenções é isto verdade: as leis, os costumes e as diferenças sociais, isto tudo são mecanismos convencionais. Não são de fato as ordens em si que geram a evolução. As próprias diferenças é que fazem a ordem. Parece paradoxal mas quando olhamos por outra perspectiva, nos tronamos menos temerosos diante das situações constrangedoras. Difícil é fazer com que os outros compreendam isto. Como disse Paul Claudel (diplomata francês): a ordem é o prazer da razão: mas a desordem é a delícia da imaginação. Como dizia o Cristo, que tiver entendimento que ouça!