HISTÓRIA E FILOSOFIA

quinta-feira, 28 de junho de 2012

GERAÇÃO SANDUICHE?


"Quem quer que ponha as mãos sobre mim para me governar é um usurpador,
um tirano e eu o declaro meu inimigo." [ Raul Santos Seixas ]
28/06/1945 - 21/08/1989



"Sou da geração-sanduiche, aquela que segurou os valores dos pais e os valores dos surfistas de hoje." Assim se definiu certa vez Raul Seixas que se estivesse vivo hoje estaria com 67 anos. Mas isso Raul não se referia ao conhecido termo como dizem alguns especialistas em comportamento humano que "geração sanduiche" é aquela que cuida dos filhos e dos pais ao mesmo tempo. Por ter vivido plenamente o pós-guerra e ter visto as transformações que a guerra-fria trazia consigo, esse grande compositor baiano estava presenciando uma geração totalmente inquieta.

Como ele mesmo dizia "eu nasci no ano da bomba atômica", isto já por si só é motivo de reflexão para, daí em diante, fazer aquilo que mais gostava: ler, escrever e compor. Evidentemente que muitas de suas composições e pensamentos são palavras já ditas por filósofos, mas afina, quem fez melhor que ele? Nunca um cantor e compositor falou em temas tão diversificados como o que Raul Seixas deixou em suas canções, tais como: eu sou a mosca que perturba o seu sono (Sócrates); É você olhar no espelho, saber que é humano ridículo limitado... (Rousseau).  

Talvez a melhor maneira de compreender Raul Seixas seja através da leitura de "O outsider", do inglês Colin Wilson (um autor, aliás, que merece ser redescoberto). Quase tudo o que se conta no livro sobre Nijinski, Van Gogh e Dostoiesvski aplica-se perfeitamente à vida e à obra de Raul Seixas. O "outsider" é aquele cara que "vê" o mundo de uma maneira diferente. Ele tem a capacidade de enxergar coisas que o cidadão comum não enxerga. Ele desvenda a superestrutura da sociedade; ele consegue achar os nexos lógicos da vida onde os outros só vêem o caos.