HISTÓRIA E FILOSOFIA

sábado, 18 de janeiro de 2014

O BRASILEIRO ESTÁ PREPARADO CULTURALMENTE PARA UM CRESCIMENTO ECONÔMICO?

"A desvantagem do capitalismo é a desigual distribuição das riquezas; a vantagem do socialismo é a igual distribuição das misérias"

Winston Churchill

Nunca o povo brasileiro comprou tanto, dizem os economistas. A classe considerada média está agora desfrutando de uma tímida participação no mercado de compras de bens e consumo, e de uma tecnologia importada. Desde os anos 90, o brasileiro cada vez mais está tendo acesso ao que lhe era considerado inviável diante do baixo poder de compra dos salários. Mas algumas perguntas podem ser feitas: e se esta participação triplicasse em um ano? Como o brasileiro se comportaria diante de tanta abundância? E mais, o nível de escolaridade acompanharia essa elevação de status econômico? 

O que podemos observar no dia-dia são casos de abusos e extravagâncias por parte de pessoas que quando tem em suas mãos determinados bens, em muitas das vezes eles abusas do que tem na ânsia de mostrar o que está usufruindo. Exemplo disso, são as chamadas "turmas dos postos de gasolina", uma espécie de balada ao ar livre. Isso é visto com muita frequência nas grandes cidades durante os finais de semana. São jovens que em sua maioria, adquire o carro dos pais e sai pelas ruas "forçando a barra" numa tentativa de demonstrar sua posição sócio-econômica. Nesses dias, os postos de gasolina viram uma espécie semi-clubes. Os carros com seus "paredões", transformam-se numa espécie de máquina de alienação com duplo efeito: um para atrofiar a mente e outro para inocular a criatividade. Também isso é uma nítida evidência de imaturidade perante o dinheiro, já que nunca tiveram esses "brinquedinhos". Outro poder de compra nos últimos tempos, é o acesso às tecnologias. Os celulares são trocados a cada três ou dois meses. Crianças com até seis anos já tem esses objetos que os pais lhes presenteiam. Pessoas com dois, três, quatro e até cinco celulares para atender suas necessidades. E não são apenas celulares, são objetos que vêm carregados de tecnologias com aplicativos que muitos não sabem nem para que serve.

A farra econômica não está epenas nas grandes cidades. O meio rural está ganhando uma nova configuração. Quem nunca teve no Nordeste do Brasil, só tem uma obscura imaginação como é o cenário social hoje em dia: carros de bois, vaqueiros a cavalo, manadas de bois, etc. Tudo isso ainda tem. Apenas outros elementos agora fazem parte do cenário antes bucólico e agora agitado. Um deles, objeto que se tornou parte do ser humano, são as motocicletas. No Nordeste encontra-se uma das maiores frotas desses veículos de duas rodas. Curiosamente até tem vaqueiro que desistiu do cavalo e agora aderiu ao novo meio de locomoção. A cena é mais ou menos assim: em plena caatinga, num sol escaldante, se vê num primeiro momento, uma manada de bois pastando, isso quando tem pasto. Logo em seguida, temos um vaqueiro em sua motocicleta com uma mão no guidão e a outra no celular. E se não tiver o sinal da operadora, logo se improvisa. Procura-se uma árvore mais alta, sobe até ao topo e logo o problema é resolvido. Documentos do veículo? Pra quê? Se o governo exige, é perseguição, dizem alguns. Se o bandido toma, onde está então o governo que não faz nada, dizem outros?

Podemos continuar a contar aqui e acolá o surgimento desses fenômenos tecnológicos sertão a dentro que são vários. Se os pensadores críticos da Indústria Cultural da Escola de Frankfurt como Theodor Adorno (1906-1969), por exemplo, estivesse presenciando hoje esses fenômenos, ele veria que suas teorias sobre o consumo em massa era tão certa que talvez precisaria dar nova ênfase no assunto. Como dizia Tácito, "Quando se dissipa o patrimônio com loucuras, procura-se restaurá-lo com culpas".