HISTÓRIA E FILOSOFIA

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

HANNAH ARENDT - UM JULGAMENTO EM NUREMBERG

Hannah Arendt defendia o conservadorismo na educação, mas não na política. Para ela, o campo político deveria se renovar constantemente, movido pelos objetivos da igualdade e da liberdade civil. Ao reivindicar a total separação entre política e educação, Arendt rejeita linhas de pensamento que partem de filósofos comoPlatão (427-347 a.C.) e Jean-Jacques Rousseau (1712-1778). 


As Coisas Efêmeras são as Mais Necessárias


Das coisas tangíveis, as menos duráveis são as necessárias ao próprio processo da vida. O seu consumo mal sobrevive ao ato da sua produção; no dizer de Locke, todas essas «boas coisas» que são «realmente úteis à vida do homem», à «necessidade de subsistir», são «geralmente de curta duração, de tal modo que - se não forem consumidas pelo uso - se deteriorarão e perecerão por si mesmas». 
Após breve permanência neste mundo, retomam ao processo natural que as produziu, seja através de absorção no processo vital do animal humano, seja através da decomposição; e, sob a forma que lhes dá o homem, através da qual adquirem um lugar efêmero no mundo das coisas feitas pelas mãos do homem, desaparecem mais rapidamente que qualquer outra parcela do mundo.

O Progresso não se Deve ao Instinto Prático
Precisamos de nos desfazer do actual preconceito que atribui o desenvolvimento da ciência moderna, vista a sua aplicabilidade, a um desejo pragmático de melhorar as condições da vida humana na terra. A história mostra claramente que a moderna tecnologia resultou não da evolução daquelas ferramentas que o homem sempre havia inventado para atenuar o labor e de erigir o artifício humano, mas exclusivamente da busca de conhecimento inútil, inteiramente desprovido de senso prático. 
Assim, o relógio, um dos primeiros instrumentos modernos não foi inventado para os fins da vida prática, mas exclusivamente para a finalidade altamente «teórica» de realizar certas experiências com a natureza. É certo que esta intervenção, logo que a sua utilidade prática foi percebida, mudou o ritmo e a própria fisionomia da vida humana; mas isto, do ponto de vista dos inventores, foi um mero acidente. 
Se tivéssemos de confiar apenas nos chamados instintos práticos do homem, jamais teria havido qualquer tecnologia digna de nota; e, embora as invenções técnicas hoje existentes tragam em si um dado impulso que, provavelmente, gerará melhoras até um certo ponto, é pouco provável que o nosso mundo condicionado à técnica pudesse sobreviver, e muito menos continuar a desenvolver-se, se conseguíssemos convencer-nos de que o homem é, antes de tudo, uma criatura prática. 

Cartas revelam detalhes do relacionamento entre Hannah Arendt e Martin Heidegger
O alemão Martin Heidegger foi um dos mais originais filósofos do século XX. Foi também um nazista, e uma figura patética em sua vida privada. Sobre os dois primeiros fatos, há provas bem conhecidas. Centenas de livros, escritos em várias línguas, atestam a profunda e duradoura influência cultural do autor de Ser e Tempo. Da mesma forma, a ligação de Heidegger com o nacional-socialismo está fartamente documentada.

Muito mais escassas foram até agora, no entanto, as informações sobre a intimidade de Heidegger. Só nos últimos anos as primeiras biografias alentadas vieram à luz. E mesmo esses estudos tiveram de ser redigidos sem o conhecimento adequado de documentos importantes, como parte da correspondência do filósofo. Dentre essas cartas fundamentais, encontram-se as que Heidegger trocou com Hannah Arendt, a brilhante pensadora judia que escreveu Origens do Totalitarismo e explicou ao século XX o lado mais sombrio de sua história política. Editadas na Alemanha no ano passado e agora publicadas no Brasil, as cartas de Hannah Arendt e Martin Heidegger (tradução de Marco Antonio Casa Nova; Relume Dumará; 330 páginas; 35 reais) revelam os detalhes de um intrigante caso de amor, cultivado pelos dois ao longo de cinqüenta anos.

Em 1960, o Mossad, a polícia secreta de Israel, invadiu a Argentina, capturou e retirou do país um dos mais procurados criminosos nazistas que fugiram após a Segunda Guerra

Naquele 11 de maio de 1960 chegavam ao fim 15 anos de fuga. O homem magro, calvo e míope que trabalhava em uma fábrica da Mercedes-Benz e dizia se chamar Ricardo Klement era na verdade um dos criminosos nazistas mais procurados do mundo: Adolf Eichmann. “Seu papel principal foi coordenar as atividades práticas da implementação da ‘solução final’”, diz Efraim Zuroff, diretor da sucursal de Jerusalém do Simon Wiesenthal Center, dedicado à caça de nazistas. De seu escritório em Berlim, Eichmann organizava as rotas dos trens que seguiam para os campos de extermínio. Em outras palavras, era ele quem carimbava as passagens de homens e mulheres de origem judaica forçados a partir com destino a lugares cujos nomes ainda hoje provocam calafrios – Auschwitz, Treblinka, Birkenau.

"Eichmann em Jerusalém", publicado em capítulos na New Yorker entre fevereiro e março de 1963, é uma obra que procura entender esses dois agentes da relação opressiva. Ela narra o julgamento de um carrasco-burocrata do regime nazista alemão, Adolf Eichmann, ocorrido em Jerusalém, depois de ter sido seqüestrado num subúrbio de Buenos Aires por um comando israelense. O nazista é conduzido então à Jerusalém, para o maior julgamento de um carrasco alemão depois do tribunal de Nüremberg. Durante o julgamento, a figura discreta de Eichmann discrepava dos crimes de que estava sendo acusado, e pelos quais assumia relativa responsabilidade. Hannah Arendt, então, mostra toda a sua capacidade de extrair reflexões filosóficas do que ela denominou de "banalidade do mal" – a conjugação de fatores desumanizantes (totalitarismo, criminalidade como norma estatal, burocracia, etc.) combinados com a reação apática das vítimas (em especial dos judeus), num processo de normalização da desumanidade e da "calamidade dos sem-direitos". Arendt, evidentemente, foi muito criticada desde então pelas lideranças judaicas do mundo inteiro, pelo menos até a sua morte, em 1975.


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