HISTÓRIA E FILOSOFIA

sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

A QUEM POIS, HEI, DE COMPARAR ESTA GERAÇÃO?

"As crianças acham tudo em nada, os homens acham nada em tudo."
Giacomo Leopardi

Está escrito nos evangelhos, pequenas colocações de cunho moral que o principal protagonista, Jesus Cristo, segue proferindo em várias ocasiões de sua vida pública. Uma delas, uma comparação que o mestre faz retirado de dois grupos de crianças brincando, tenta nos dizer como o homem se comportam em seus diferentes estágios de vida. Alguns desses momentos, os homens demonstram uma profunda manifestação de fé, e em outras, uma estagnação evolutiva acompanhada de um ceticismo em relação à espiritualidade. Tanto no âmbito social, como também em sua espiritualidade, aparecem esses estereótipos da humanidade.

O Messias comparou aquele seu povo como crianças divididas entre si. Uns queriam brincar de enterro e instigavam os demais a fazerem lamentações. Os outros queriam brincar de festas e faziam algazarra (ver Mt. 11:16-17). Assim são os seres humanos segundo o Cristo: como um grupo de crianças divididas entre duas turmas que não se entendem. Mesmo quando adultos, parece ainda que há essa divisão.
"O amor é como a criança: deseja tudo o que vê."
Shakespeare


Em outra ocasião, o povo é denunciado pelas próprias opiniões em relação à sua pessoa. O Cristo olha o aspecto do homem adulto e vê que em sua maioria estão eles também divididos e diziam, "Aí está um comilão e beberrão, amigo de publicanos e pecadores" (Mt 11:19), referindo-se ao próprio Jesus.

Em todos os casos, quando faz tais observações, o Cristo nos demonstra que nas ações humanas, em alguns momentos somos infantis. Mas essa infantilidade é maliciosa. Não tem aquela ingenuidade de uma criança. Nossas ações, nas palavras do Messias, são sempre carregadas de preconceitos. A arrogância que leva o ser humano a tomar uma atitude, às vezes de desprezo pelo outro, faz com que sejamos mesquinhos. Na comparação feita por Jesus àqueles que estavam a sua volta, havia dois grupos de pessoas em um determinado nível de crescimento. Uns estavam saindo de sua infantilidade, os outros já adultos, formalizavam opiniões que eram frutos de suas escolhas. Os primeiros eram crianças querendo brincar de adultos. Os outros eram adultos que agiam como crianças.


Eis aí um bom reflexo de nossas atitudes. Quem nunca pensou que estando certo viu que estava errado e escondeu seu erro para não se sentir inferior ao outro? Simplicidade e prudência são qualidades que o Cristo nos recomenda. Nada mais. Ou como ele gostaria de dizer, "sejam simples como as aves e prudentes como as serpentes" (Mt 10:16). Não podemos correr o risco de sermos agressivos. Porém, não podemos ser passivos e tolerantes com as mais absurdas injúrias. Quando certa vez Ele adverte que "o humilhado será exaltado e o exaltado será humilhado" (Mt 23:12), não é que devamos aceitar tudo como uma ovelha indefesa a procura de seu pastor. Também nem sermos lobos devoradores a espreita dos indefesos.