HISTÓRIA E FILOSOFIA

segunda-feira, 27 de junho de 2011

O JUAZEIRO

Ninguém nunca havia descrito o semi-árido nordestino tão bem como o escritor Euclides da Cunha. A obra Os Sertões, que não é apenas um documento jornalístico mas que compreende uma obra da literatura brasileira que de maior expressão cultural que narra os fatos acontecidos na guerra de Canudos e em todos os aspectos culturais, sociais, geográficos e religiosos. Abaixo temos a descrição de uma das mais belas árvores típica do nordeste feitas por Euclides da Cunha na obra Os Sertões.

Têm o mesmo caráter os juazeiros, que raro perdem as folhas de um verde intenso, adrede modeladas às reações vigorosas da luz. Sucedem-se meses e anos ardentes. Empobrece-se inteiramente o solo aspérrimo. Mas, nessas quadras cruéis, em que as soalheiras se agravam,  à vezes, com os incêndios espontaneamente acesos pelas ventanias atritando rijamente os galhos secos e estonados sobre o depauperamento geral da vida, em roda, eles agitam as ramagens virentes, alheios às estações, floridos sempre, salpintando o deserto com as flores cor de ouro, álacres, esbatidas no pardo dos restolhos — à maneira de oásis verdejantes e festivos. 

A dureza dos elementos cresce, entretanto, em certas quadras, ao ponto de os desnudar: é que se enterroaram há muito os fundos das cacimbas, e os leitos endurecidos das ipueiras mostram, feito enormes carimbos, em moldes, os rastros velhos das boiadas; e o sertão de todo se impropriou à vida. 

Então, sobre a natureza morta, apenas se alteiam os cereus esguios e silentes, aprumando os caules circulares repartidos em colunas poliédricas e uniformes, na simetria impecável de enormes candelabros. E avultando ao descer das tardes breves sobre aqueles ermos, quando os abotoam grandes frutos vermelhos destacando-se, nítidos, à meia luz dos crepúsculos, eles dão a ilusão emocionante de círios enormes, fincados a esmo no solo, espalhados pelas chapadas, e acesos...

Trecho do livro - Os Sertões,CUNHA, Euclides da.  Os Sertões. São Paulo: Três, 1984  (Biblioteca do Estudante).

Juazeiro da Bahia - BA às margens do rio são francisco.
A árvore tem tanta ligação com o nordeste que  duas das maiores cidades interioranas receberam seu nome - Juazeiro do Norte - CE


Quando Padre Cícero chegou ao povoado de Juazeiro, em 11 de abril de 1872, para fixar residência, o local era um pequeno aglomerado humano com uma capelinha erigida pelo primeiro capelão, o Pe. Pedro Ribeiro de Carvalho, neto do Brigadeiro Leandro Bezerra Monteiro, uma escola, cerca de 35 casas (a maioria de taipa) e duas pequenas ruas (Rua Grande e Rua do Brejo). Cinco famílias importantes habitavam o local: Macedo, Gonçalves, Sobreira, Landim e Bezerra de Menezes. O restante da população era formado por escravos e arruaceiros afeitos à bebedeira e à prostituição.

Antes de fixar residência definitiva no povoado de Juazeiro, Padre Cícero o visitou pela primeira vez no Natal de 1871, a convite do Prof. Semeão Correia de Macedo, para celebrar a tradicional Missa do Galo.

Segundo Padre Azarias, Padre Cícero chegou a revelar a amigos íntimos a verdadeira decisão de morar em Juazeiro. Foi um sonho (ou visão) segundo o qual, certa vez, ao anoitecer de um dia cansativo, após haver passado horas inteiras confessando as pessoas do então arraial, ele se deitou para descansar, e a visão que selaria seu destino se revelou. Conforme seu relato, ele viu, nitidamente, Jesus Cristo e os doze Apóstolos, sentados à mesa, numa cena idêntica à Ceia Larga (de Leonardo da Vinci). De repente, uma multidão de pessoas famintas, tipo flagelados das secas nordestinas, invade o local. Então, Jesus, virando-se para os famintos, falou de sua decepção com a humanidade, embora estivesse ainda disposto a fazer um último sacrifício para salvá-la. Mas se os homens não se arrependessem, Ele acabaria com tudo de uma vez. Naquele momento, Jesus apontou para os pobres sertanejos, lançou um olhar ao Padre Cícero e disse, categoricamente: E tu, Padre Cícero, toma conta deles!

A partir daí Padre Cícero planejou sua vinda para o povoado de Juazeiro. Chegou no dia 11 de abril de 1872. Uma vez instalado em sua nova residência, Padre Cícero deu início a sua ação evangelizadora e moralizadora. Modificou o costume da população acabando pessoalmente com a bebedeira e a prostituição. Com ele o povoado experimenta os primeiros passos rumo ao desenvolvimento.

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