HISTÓRIA E FILOSOFIA

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

SÓ OS LOUCOS SABEM

Friedrich Nietzsce (1844-1900)
Nietzsche via, portanto, o cristianismo como uma doença maligna que havia atacado o Império Romano, contribuindo para que ele sucumbisse vitimado por uma espécie de "febre das catacumbas". E, pior, "a mentalidade aristocrática foi minada até o mais profundo de si própria pela mentira da igualdade das almas; e se a crença na prerrogativa da maioria faz e fará revolução - é ao cristianismo que devemos sua difusão. São os juízos de valores cristãos que qualquer revolução vem transformar em sangue e crime. O cristianismo é uma insurreição do que rasteja contra o que tem elevação: O Evangelho dos pequenos tornado baixo".

Deus está morto! Deus permanece morto! E quem o matou fomos nós! Como haveremos de nos consolar, nós os algozes dos algozes? O que o mundo possuiu, até agora, de mais sagrado e mais poderoso sucumbiu exangue aos golpes das nossas lâminas. Quem nos limpará desse sangue? Qual a água que nos lavará? Que solenidades de desagravo, que jogos sagrados haveremos de inventar? A grandiosidade deste acto não será demasiada para nós? Não teremos de nos tornar nós próprios deuses, para parecermos apenas dignos dele? Nunca existiu acto mais grandioso, e, quem quer que nasça depois de nós, passará a fazer parte, mercê deste acto, de uma história superior a toda a história até hoje! — NIETZSCHE, Friedrich. A Gaia Ciência, §125.

Thomas Hobbes (1588-1679)
Em 1651, publicou sua obra-prima, o "Leviatã". Carlos I tinha sido executado e Carlos II estava exilado; por isso, no final da obra, tentou definir as situações em que seria possível legitimamente a submissão a um novo soberano. Tal capítulo valeu-lhe o desagrado do rei Carlos II e da corte inglesa.

[...] Observando que só no homem encontramos sinais ou frutos da religião, não há motivo para duvidar de qual a semente da religião se encontra apenas no homem, e consiste em alguma qualidade peculiar ou, pelo menos, em algum grau eminente desta qualidade, que nas outras criaturas vivas não se encontra. Primeiramente, é peculiar à natureza do homem investigar as causas dos eventos a que assiste, uns mais outros menos, mas o suficiente em todos os homens para terem a curiosidade de procurar as causas de sua própria boa ou má fortuna. É-lhe também peculiar, em segundo lugar, perante toda e qualquer coisa que tenha sido um começo, pensar que ela também teve uma causa, que determinou este começo no momento em que o fez, nem mais cedo nem mais tarde. [...] Quando se vê na impossibilidade de descobrir as verdadeiras causas das coisas dado que as causas da boa ou má sorte são em sua maior parte invisíveis, supõe causas para elas, quer as que lhe são sugeridas por sua própria fantasia, quer as que aceita da autoridade de outros homens, aos quais considera seus amigos e mais sábios do que ele. [...]

                                            Trecho do livro O Leviatã - Sobre a religião Cap. XII
                                                                   Thomas Hobbes.

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