HISTÓRIA E FILOSOFIA

domingo, 2 de dezembro de 2012

EXISTE UM PONTO SENSÍVEL E RACIONAL NO HOMEM?

É por isso que se mandam as crianças à escola: não tanto para que aprendam alguma coisa, mas para que se habituem a estar calmas e sentadas e a cumprir escrupulosamente o que se lhes ordena, de modo que depois não pensem mesmo que têm de pôr em prática as suas ideias
( IMMANUEL KANT )

O homem é um ser racional. Isto é uma verdade indiscutível desde que os filósofos modernos que elevaram esse conceito à sua mais alta potência da alteridade. René Descarte colocou a razão como o centro de toda verdade possível. O pensamento dos gregos da Antiguidade como a (phýsis) natureza que era a referência ou os paradigmas de uma boa vida, deixou de ser referência com o advento do cristianismo. Mas essa nova realidade divina-cristã também teve suas estruturas abaladas no fim da Idade Média e no começo do humanismo onde este seria a transição para a era moderna. Em suma, o Deus cristão substituiu a phýsis grega e a referência divina da Idade Média é substituída por sua vez pela razão ou o cogito cartesiano. Daí em diante começa um dos períodos mais controvertidos e talvez o mais rico em termos de produção do pensamento filosófico. E desde então este é o nosso modelo de pensamento. A razão impera soberana e muitos pensadores já nesse tempo prevenia sobre o perigo de ir tão longe como o sonho de ícaro. Talvez o filósofo mais original desse período no sentido de demonstrar ou conciliar a razão à sensibilidade (esse é o maior perigo do homem quando tem somente a razão como a solução de todos os problemas) tenha sido o alemão Friedrich Schiller (1759-1805). Mais poeta do que filósofo, seu pensamento tem como ponto de partida o que ele chama de humanidade caída no sentido de que o homem foi no passado uma unidade. Então Schiller propõe uma conciliação desses opostos (razão e sensibilidade) e demonstra isso em suas Cartas Sobre a Educação Estética da Humanidade que ele escreveu em 1794 em uma linguagem poética cheia de metáforas.
"Se cada pessoa amasse todas as outras, traria o mundo dentro de si."
Friedrich Schiller


É possível conciliar o racional e o sensível? Qual seria melhor para o homem desde que ele despertou de sua sensibilidade e entrou no santuário da razão? Evidentemente que os gregos já advertia ao homem desse perigo. A mitologia grega está repleta de linguagem que mais parece um conto simplista pueril do que uma verdadeira anunciação do perigo da razão especulativa. Quando Prometeu rouba o fogo de Zeus para entregar aos homens este sofreu um castigo um tanto curioso: ficar preso num rochedo e durante o dia um abutre come parte de seu fígado, já que a noite ele se regenerava. Daí temo que perceber que de tantos outros contos mitológicos do passado, hoje o homem moderno perdeu sua referência ideológica racional e substituiu pela ideologia material. Convém saber se ainda terá outras ideologias num futuro longínquo ou haverá uma total desintegração de ideias.


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